21/10/2011

Contatos Imediatos de Primeiro Grau

"Você é o Raimundo, né?"

"Sim..."

Era meu último dia de trabalho antes das minhas tão esperadas férias. Já era bem tarde, cerca de 9 horas da noite. Estava cansado e terminando minha última atividade, antes de ir embora para minha casa.

"A gente não se conhece ainda porque eu entrei na empresa há pouco tempo - apenas uns 2 anos atrás - e sento super longe de você - apenas uns 2 metros, mas eu quero fazer um workshop e me indicaram você como palestrante principal."

A verdade é que eu já tinha sido apresentado para esse sujeito, mas ele se esquecia diariamente disso, e não me cumprimentava de jeito nenhum.

Eu, depois do primeiro "bom-dia" sem resposta, adotei a mesma postura.

"Alguém me disse que você está saindo de férias hoje, é verdade?"

"Sim."

"E quando você volta?"

"Daqui a 23 dias, 20 de setembro."

"Hum... poxa. O workshop está programado para acontecer dia 20 de setembro mesmo, mas eu preciso falar com você para verificarmos conteúdo de apresentação e tudo o mais. É... realmente vou precisar falar com você nas suas férias."

"Poxa, Nogarro. Acho melhor você mudar a data do seu workshop. Não é que eu não queira falar com você, mas eu vou escalar os vulcões na Islândia, e o celular não costuma pegar muito bem nessa região."

20/10/2011

Falta de Atenção I

Numa das empresas que eu trabalhei era usado o Outlook, ferramenta da Microsoft, para envio de emails.

O funcionário X recebeu um email de um cliente, perguntando sobre um determinado procedimento do banco.

A pergunta era extremamente simples e fácil de ser respondida.

X selecionou a opção "Responder" do Outlook.

Ao fazer isso, o Outlook abre um campo para inserir o nome do destinatário da mensagem, ao mesmo tempo que mantém a mensagem original.

Apesar da mensagem ser escrita em português, todas as opções e mensagens do Outlook estavam em inglês. E para encaminhar o email aparecia a seguinte mensagem: "mail to", que significava que o email seria enviado para alguém.

X passou rapidamente o olhar pela mensagem, procurando o nome do cliente, e escreveu sem a menor dúvida:

"Prezado Mailto"

19/10/2011

Pesquisa de Clima Organizacional II

Até quanto o presidente e os diretores de uma empresa querem realmente saber o que está acontecendo na empresa?

Numa pesquisa de clima organizacional, uma pergunta avaliava se o funcionário achava o chefe ético.

O resultado de uma área chocou todo mundo: um percentual muito alto de funcionários achava que o chefe não era ético.

Os próprios funcionários da área ficaram surpresos ao ver que os outros funcionários tiveram coragem de responder honestamente essa questão. Afinal, eles sempre comentavam que tudo era feito tão abertamente que era impossível a diretoria não ter percebido. E que se eles não queriam fazer nada, era melhor ficar quieto mesmo.

Pelas contas de percentual x número de funcionários, apenas uma pessoa considerava o chefe ético.

Um representando do RH fez uma reunião com a área para avaliar o questionário, tentar entender o que estava por trás das respostas e o que poderia ser feito para melhorar.

Quando chegou na pergunta sobre ética, um silêncio fulminante pousou na sala.

Responder confiando no anonimato era uma coisa, falar abertamente a acusação sem saber qual seria a reação da empresa era outra.

Até que um funcionário disse:

"Essa pergunta é mais difícil de explicar, né? O conceito de ética é muito subjetivo, o que é ético para uma pessoa pode não ser para outra."

O representante de RH achou a explicação perfeitamente aceitável e passou para a próxima questão.

17/10/2011

Sessão de Feedback III

De um diretor da primeira empresa em que eu trabalhei, ainda como estagiário:

"Raimundo, você tem tudo para ser um bom profissional. É inteligente, tem boa formação acadêmica, trabalha bem.
Tem algumas coisas que você ainda precisa aprender. Numa empresa é preciso ter jogo de cintura, ter flexibilidade para sair de algumas situações difíceis. E, acima de tudo, é preciso mentir.
Você é muito sincero. Saber mentir é fundamental."

06/10/2011

Palavra de apoio

O que mais encontramos numa organização são pessoas altruístas, que pensam mais nos outros do que nelas próprias.

Por isso mesmo, quando enfrentamos algum momento difícil, sempre encontramos um ser humano capaz de nos apoiar, e dizer palavras encorajadoras.

Trabalhava numa empresa que foi comprada por outra.

A empresa compradora foi definindo aos poucos quem seria aproveitado na nova corporação.

Para os que não fossem, seria oferecido um "pacote de desligamento", com algumas vantagens adicionais comparando-se a uma demissão normal.

Em determinada área tinha duas pessoas, uma delas era viúva e com um filho ainda pequeno para sustentar, e estava muito preocupada com o que poderia acontecer.

A outra pessoa teve o nome divulgado numa das primeiras listas de quem iria para a nova corporação. E sua reação foi:

"Nossa! Estou com uma inveja de você!!! Você ainda tem a oportunidade de ser demitida!!! Me falaram que o pacote de desligamento está super legal!!!"

04/10/2011

Sessão de Feedback II

A empresa Xisto SA estabeleceu um método de avaliação de funcionários semestral, chamado de Sessão de Feedback.

O modelo não era muito formal, mas o gestor precisava indicar os principais pontos fortes e fracos do funcionário e, muito importante, dar orientações para melhorar o desempenho profissional do funcionário.

E assim foi feito em toda a empresa.

A maioria gostou, mas uma pessoa que sentava ao meu lado voltou meio paralizada da sua reunião. 

Tudo bem? - perguntei um pouco preocupado.

Não sei... o Fulano me disse, como feedback, que eu preciso parar de usar calça clara, porque eu estou meio gordinha.

03/10/2011

Sessão de Feedback I

Dr. Nogarro é um diretor tão único, e protaganista de tantas histórias bizarras, que mereceu virar um personagem.

Veja a última dele:

Dr. Nogarro entrou no andar em que trabalhamos e perguntou a um funcionário, que não era funcionário dele, se ele tinha um minuto para conversar.

O funcionário disse que tinha sim.

Foram então para uma sala de reunião.

Assim que entraram, Dr. Nogarro se sentou e pediu ao funcionário que fechasse a porta.

O funcionário fechou a porta, sentou-se, e ficou olhando ansiosamente para o Dr. Nogarro.

O Dr. Nogarro então levantou-se e disse, caminhando para a porta:

"Apenas queria ver se você sabia gerenciar o seu tempo. Já vi que não, pois você pára tudo o que está fazendo para conversar com qualquer um que te chame."

Dito isso, abriu a porta e foi embora.