15/06/2011

Síndrome do Pequeno Poder I

Uma diretora de uma determinada empresa tinha um Assistente para Assuntos Aleatórios, que vamos chamar aqui de Aspone. Ele era praticamente um boy de luxo, e não era nem funcionário da empresa, apenas contratado como terceiro.

Como não tinha limites para o que o Aspone fazia (ei! por favor, não pense em nada de conteúdo sexual, porque não era o caso aqui), ele tinha muito prestígio com essa tal diretora.

E todo mundo sabia disso. Ninguém mexia com o Aspone.

Um lindo dia, o RH dessa empresa decidiu fornecer água mineral em garrafas para todos os seus funcionários.

Comprou também um frigobar para cada área, para que as pessoas pudessem guardar a garrafa e tomar água gelada.

A proposta era melhorar a qualidade do dia de todos, e realmente as pessoas ficaram felizes com esse benefício.

Tudo ia bem, até que o Aspone começou a invocar que tinha gente que pegava garrafa da geladeira, mas que não colocava outra para gelar no lugar.

Reclamou praticamente uma semana inteira, mas aparentemente o criminoso continuou atuando. De nada adiantou tanta reclamação.

Na segunda-feira seguinte, o primeiro funcionário a pegar uma garrafa gelada deparou-se com uma novidade. Alguém tinha colocado um cadeado na porta!

Desconfiado, olhou para um lado, olhou para o outro. Conferiu se o cadeado estava mesmo fechado, e resolveu voltar para sua mesa e perguntar discretamente para seu vizinho de mesa.

O vizinho incrédulo foi ver com os próprios olhos. Sim, era verdade, realmente tinha um cadeado na porta. Trancado.

Esse voltou contando a novidade para todos. A área toda foi ver e só se falou naquilo a manhã toda.

Quando o Aspone passou pela área, alguém teve a coragem de perguntar.

"Aspone, foi você que colocou o cadeado no frigobar?"

"Sim. As pessoas estavam pegado água gelada sem colocar outra, então agora só pega água gelada com a minha autorização."

Foi um bafafá imenso, mas ninguém teve coragem de reclamar para a tal diretora. Fizeram várias conferências, alguns criavam coragem e diziam: "Vou lá, isso não vai ficar assim."

Ir mesmo ninguém foi, e todos tomavam sua água quente de forma resignada. Alguns mais saudosistas ainda davam um suspiro antes do primeiro gole.

A única conseqüência foi que, a partir desse evento, o Aspone passou a ser chamado de Diretor.

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